A marcenaria proposta organizou os ambientes de estar e os serventes a eles, além de ter criado nova proporção de escala ao espaço, originalmente único e de pé direito alto.
Arquitetura: Camila Thiesen | CAU A72223-5
Local: Xangri-lá, RS
Ano: 2020-21
Fotografia: Marcelo Donadussi
A arquitetura proposta para o hall e salão de festas do edifício Lord é atemporal e funcional. Ela busca atender os programas das áreas sociais do edifício de maneira bastante prática, sem deixar de ser elegante. Da escolha dos materiais e do mobiliário à atenção aos detalhes construtivos, hall e salão de festas foram pensados para funcionar como uma extensão dos apartamentos.
A partir do hall de entrada do edifício, painéis de madeira se fazem presentes criando zonas distintas em cada ambiente. No hall, a área relacionada à circulação, tanto horizontal (acessos) quanto vertical, recebeu forro rebaixado e painéis de madeira que criam um único volume, abrigando o armário de correspondências, elevador e a porta de serviços. Já no salão de festas, o volume de madeira, também composto por forro e painéis verticais, demarca a área da churrasqueira e abriga armários para casacos e para taças.
As paredes do hall e do salão de festas que fazem divisa para a área externa foram tratadas como um único plano, em preto, fazendo a integração dos ambientes. O piso do hall, em basalto escovado, conecta o exterior ao interior, dando a sensação de continuidade com a rua através do uso do mesmo material empregado, porém com acabamento diferenciado.
A criação de diferentes estares no salão de festas oportuniza diferentes opções de uso em um único espaço. Junto à grande esquadria da fachada da Travessa da Saúde e ao acesso social do salão está localizado o estar, com longo sofá e poltronas, para os momentos mais descontraídos. Para as refeições, há duas opções de layout: conjuntos de mesas e cadeiras, no centro do ambiente, e mesas com banco estofado e cadeiras, ao longo do comprimento do ambiente. A área gourmet conta com churrasqueira, bar em inox e copa de apoio equipada, a qual é separada do ambiente social através de um painel de correr. O inox também se faz presente em finas prateleiras fixadas no painel de madeira.
A iluminação do projeto é silenciosa e tem o propósito de iluminar os ambientes de acordo com a função de cada um. Em áreas de trabalho, como a área gourmet (churrasqueira), uma maior intensidade se faz necessária. No restante do salão de festas e hall, ela é mais suave, proporcionando conforto visual e relaxamento. Enquanto nos forros as luminárias são discretas, não chamando atenção para si, as arandelas, as luminárias de piso e as pendentes se destacam pela combinação do design diferenciado e pela iluminação proporcionada.
O mobiliário acompanha a paleta de tons dos materiais empregados nos ambientes. Com desenho contemporâneo, os móveis dão unidade ao conjunto e propiciam conforto aos usuários.
Arquitetura de Interiores: Camila Thiesen | CAU A72223-5
Local: Porto Alegre, RS.
Ano: 2019-2020
Cliente: Colla Construções
Fotografia: Roberta Gewehr
Projeto de arquitetura de interiores para apartamento novo. O projeto foi idealizado para uma jovem família que tem o hábito de receber amigos em casa. O desejo dos clientes era ter um lar bastante prático, funcional e elegante. Além do projeto completo de arquitetura de interiores, diversos itens de decoração e iluminação foram desenhados especialmente para essa família.
Arquitetura: Camila Thiesen (CAU A72223-5), Lucia Reis.
Local: Porto Alegre, RS /BR
Ano projeto: 2017-2018
Fotografia: Marcelo Donadussi
Edição: Marcelo Donadussi, Patrícia Thiesen
O projeto foi desenvolvido a partir da necessidade de criar um centro de treinamento (CT) de ginástica funcional em um imóvel comercial de 105m². O imóvel, por ser locado, deveria ser preservado com quase todas suas características originais, como as divisões dos ambientes, pisos e aberturas.
O conceito do projeto surgiu com a ideia de criar um espaço tão funcional quanto à atividade oferecida pelo CT. A proposta, então, buscou a otimização dos espaços, tanto no ambiente de treinamento (67m²) como nos espaços serventes a ele - banheiros, lockers, copa e café. Como a sala de exercícios é única, ela foi pensada de forma flexível, garantindo a máxima eficiência para as atividades.
Conceitualmente definiu-se que o lugar deveria sair do senso comum: ele deveria ir além do modelo “big-box” convencional adotado pelos centros de treinamento. A combinação do “fitness”, da arquitetura e do design deveria oferecer uma distinção no espaço, tornando-o agradável, acolhedor e inspirador para os exercícios. Atualmente, os locais de prática de exercícios físicos são o terceiro espaço na rotina das pessoas, ficando geralmente entre o lar e o local de trabalho. Por isso, pensou-se em refinar o senso de estética tradicional dessa tipologia com a ideia de envolver o olhar do usuário, tornando o momento presente em uma experiência mais aprazível.
Cinco estratégias foram adotadas para o desenvolvimento da proposta: móvel organizador (criação de um grande armário capaz de abrigar equipamentos); leitura única (lê-se um ambiente único com diferentes usos integrados, onde o atendimento comercial e o estar são parte integrante do espaço de treino); iluminação silenciosa (rasgos no forro de gesso são propostos para embutir os trilhos de luz em função do pé direito disponível); aconchego nos detalhes (a iluminação amarela, o uso de cortinas de tecido, o uso de objetos decorativos e vegetação tornam o ambiente menos impessoal).
Um grande plano de fundo foi pensado para a área de treino. Um painel de doze metros – feito em compensado naval com negativos metálicos – foi instalado ao longo do maior lado da sala. O afastamento do painel em relação à parede possibilitou a instalação de iluminação ao longo de toda a sua extensão. Essa luz é acionada nos momentos de relaxamento, ao mesmo tempo em que as luzes do forro são desligadas. O uso do painel permite a prática de exercícios contra a parede com mais conforto.
A necessidade de organizar os equipamentos e aparelhos sem criar limites físicos e barreiras visuais - resultou na criação do grande armário na parede de divisa com os demais ambientes. O armário, metálico, desempenha papel multifuncional no ambiente, servindo de guarda dos itens necessários, além de atendimento comercial aos alunos. Ele foi pensado para suportar a carga dos equipamentos, ao mesmo tempo em que garante conforto e praticidade aos usuários. Está dividido em cinco partes, que representam cinco momentos diferentes: nos três primeiros módulos ficam dispostos os vários equipamentos e acessórios para a prática dos exercícios, no penúltimo módulo está a parte administrativa – com uma mesa de atendimento que pode ser reposicionada pelo ambiente e, o quinto e último módulo abriga o suporte das cordas de pular, além de servir de passagem para o restante do imóvel. Para um melhor aproveitamento da altura do armário, foram criadas prateleiras altas - que são acessadas por uma escada móvel, para a exposição de produtos à venda e para a colocação de plantas.
Além do grande armário, todos os demais móveis foram projetados especialmente para compor um conjunto mobiliado funcional. Nichos produzidos em metal foram instalados em lugares estratégicos para servir de apoio na sala de treinamento e no espaço do café. Os lockers desenvolvidos em marcenaria são intercalados com espelhos e com módulos metálicos que servem, ao mesmo tempo, de banco e de guarda dos calçados. Também foi desenvolvido um painel em metal e vidro para a anotação dos treinos. Os rodízios instalados em sua base permitem o seu deslocamento pela sala de treino, assim como uma luz negra embutida no painel de vidro possibilita utilizar o quadro com as luzes apagadas.
Como há apenas dois banheiros no imóvel, um vestiário foi criado entre eles com o uso de cortina, flexibilizando os espaços. Foi projetado um armário para junto do acesso principal da sala de treino. Ainda não executado, futuramente ele servirá de apoio para a recepção dos clientes. Pensado como um divisor permeável entre o acesso e o ambiente do treino, ele terá nichos para vegetação, guarda-chuvas, produtos à venda, marketing, etc.
Compensado naval, metal (dourado e preto, perfurado ou não) e cimento queimado foram escolhidos para compor a paleta de materiais do CT com o intuito de criar um lugar atemporal e de personalidade. O metal, além de chamar atenção pela textura e cor, faz alusão aos pesos e às medalhas. O painel de madeira quebra a expectativa usual de um ambiente mais industrial e surpreende com o refinamento dos negativos metálicos de cor dourada. Na sala de treino foi instalado piso emborrachado de cor preta, próprio para prática de atividades físicas. As plataformas de levantamento de peso foram embutidas em meio ao piso emborrachado para não haver diferença de nível.
Local: Porto Alegre, RS
Ano: 2017
Arquitetura: Camila Thiesen | CAU A72223-5
Cliente: Owin Training
Fotografia: Marcelo Donadussi
Edição: Patrícia Thiesen
Marca: Bah Estudio Design
Móveis: Mezas
A necessidade de proporcionar independência ao animal de estimação para circular livremente no apartamento de cobertura foi o ponto chave para motivar os clientes a reformar a área social do seu imóvel. A escada helicoidal, original do apartamento, não permitia que o cão da família circulasse sozinho entre os dois pisos, prejudicando a rotina do lar. Por isso, o foco principal do projeto foi a alteração da escada existente para uma mais confortável.
A intervenção na área social contemplou, também, outras melhorias como melhor integração entre a sacada e o estar, maior iluminação natural, melhor distribuição da luz artificial, organização dos ambientes e troca de piso.
A nova escada foi projetada em função das condicionantes do imóvel como, por exemplo, o vão de passagem disponível entre os dois níveis do apartamento e o espaço de circulação no primeiro piso. Para ela garantir mais conforto tanto para os clientes quanto para o cão, definiu-se que ela deveria ser reta, possibilitando que os degraus fossem maiores do que os da escada existente. Um invólucro de chapa metálica perfurada foi instalado no entorno da escada para garantir, ao mesmo tempo, proteção e permeabilidade. Na base dos degraus foi colocada madeira para dar mais conforto ao usuário. Na parte reta da escada foi executado um corrimão embutido na alvenaria e, dentro dele, uma peça de marcenaria foi inserida para o apoio da mão.
A nova marcenaria foi pensada com o intuito de integrar os ambientes e proporcionar mais opções de armários e gavetas. Seis metros de painel de Louro Freijó unificam o estar com a sacada fechada, além de garantir a organização dos aparelhos de som e de imagem em uma bancada baixa que acompanha toda a extensão do painel. Uma prateleira alta permite a colocação de plantas perto das janelas da sacada e a exposição de itens de decoração da família. Para a parede de divisa entre o jantar e a circulação íntima do apartamento, foi projetado um armário grande, porém neutro, e que dá o apoio necessário nas refeições. Uma porta de correr embutida no armário faz a separação dos ambientes, quando necessário, e proporciona uma maior otimização dos espaços e limpeza visual no ambiente.
A paleta de cores, materiais e móveis foi pensada para que a reforma resultasse em uma intervenção atemporal no imóvel, dialogando com os demais cômodos do apartamento. As luminárias italianas instaladas na mesa de jantar e na lateral do sofá conversam com a linguagem do ambiente, assim como a poltrona do designer Jader Almeida. A dificuldade de encontrar elementos de decoração distintos no mercado local determinou a criação dos mesmos pelas arquitetas, tais como espelho de parede e floreira.
Local: Porto Alegre, RS
Ano: 2017
Arquitetura: Camila Thiesen (CAU A72223-5) e Rochelle Castro.
Fotografia: Marcelo Donadussi
Edição: Patrícia Thiesen
A vida contemporânea nos permite deslocarmo-nos pelo mundo em busca de melhores oportunidades, influenciando em vários aspectos - subjetivos e concretos - das nossas vidas.
Nesse cenário, a casa é a ponte que nos conecta com o lugar de onde partimos e onde estamos. Ela é muito mais do que uma localização geográfica, ela deve nos transmitir uma sensação de bem-estar e nos propiciar um sentimento de pertencimento, e é por isso que buscamos referências de nossas personalidades ao projetá-la.
Foi com base nisso que a ambientação do apartamento LB foi pensada para o jovem casal que, há cinco anos, decidiu iniciar uma jornada fora do país de origem. Sendo o segundo apartamento do casal durante esse período no exterior, a premissa do projeto era empregar as lembranças trazidas de outras localidades por onde estiveram.
O apartamento está localizado em um edifício moderno, construído em 1959 no centro de Long Beach, na Califórnia. O prédio foi inaugurado como um edifício de escritórios da Cia Edison, de eletricidade. Agora repaginado para receber moradias de aluguel, teve seu átrio imponente restaurado e toda sua infraestrutura revista.
O imóvel locado foi escolhido por apresentar atributos formais e ambientais que agradavam o casal, como localização central, boa iluminação natural, planta baixa compatível com suas necessidades, instalações novas e a não necessidade de fazer obras. Como o apartamento foi recebido com as áreas fixas da cozinha, dos banheiros e dos armários equipadas, o trabalho do escritório foi direcionado de forma a definir a melhor disposição dos móveis soltos - a fim de criar os ambientes de estar e de descanso-, além de escolher a paleta de materiais e cores e mobiliário a serem usados.
A definição de zoneamento das áreas de jantar e de estar se deu a partir de sua configuração em um único espaço físico. Como os três ambientes são integrados, o layout foi pensado de forma a oferecer conforto aos usuários, independente da atividade a ser exercida. Assim, cozinha, jantar e estar foram dispostos em sequência e móveis com flexibilidade de uso foram pensados para otimizar a casa.
O uso de um carrinho foi sugerido com o intuito de aumentar a área de bancada da cozinha, ao mesmo tempo em que pode servir de bar e dar apoio ao jantar. Um banco faz a conexão entre o jantar e o estar, permitindo o uso nos dois ambientes. A mesa de jantar é extensível, possibilitando receber mais amigos para jantar. Duas estantes foram posicionadas na sala para acomodar a vitrola e os vinis, plantas, guias turísticos e souvenires. Para dar mais conforto aos ambientes, foram usados tapetes de grandes dimensões, quebrando a frieza do piso de concreto que está presente em todo o apartamento.
Ambas as suítes –de casal e de hóspedes- têm armários embutidos próprios do imóvel. O dormitório de visitas é utilizado como escritório na maioria do tempo, por isso optou-se por um sofá-cama que permite uma maior circulação dos moradores quando sozinhos e uma mesa de cavaletes, fácil de guardar, quando recebem hóspedes. Essa versatilidade também acontece com o banheiro do segundo dormitório, ele pode ser acessado tanto pelo quarto quanto pela circulação, servindo de lavabo. A lavanderia do apartamento se resume em um armário equipado.
O mobiliário proposto busca criar um diálogo entre os móveis contemporâneos e mid-century, do período de construção do prédio. A vegetação e as cores monocromáticas empregadas no apartamento estão em perfeita sintonia com os móveis, produzindo um ar atemporal no apartamento. Materiais nobres como a madeira e o mármore contrastam com o concreto bruto. Os tons de preto, de cinza e de branco presentes em diferentes materiais permeiam o apartamento e os espaços internos do edifício.
As esquadrias existentes de piso-teto garantem boa entrada e distribuição de luz natural ao longo de todo o dia no apartamento. Com base nisso, a iluminação artificial foi pensada de forma a privilegiar luzes indiretas com pontos no teto e no piso.
Os quadros do casal os acompanham em seus deslocamentos pelo mundo. Eles estão presentes em todos os ambientes e são expostos de diversas formas, dando personalidade ao apartamento de paredes brancas. Uma única parede do imóvel recebeu pintura e a cor escolhida se aproxima com os tons da vegetação ao mesmo tempo em que cria um destaque na alvenaria para receber um quadro.
Todos esses cuidados com os detalhes, entendendo e acompanhando o perfil do cliente, permitem criar uma moradia sentida como lar, independente de sua localização geográfica.
Local: Long Beach, CA/ US
Ano: 2017
Arquitetura: Camila Thiesen
Fotografia: Gabriel Gama, Patrícia Thiesen
Implantada em um terreno de esquina na avenida principal da cidade de São Gabriel, no interior do Rio Grande do Sul, a casa dialoga com a rua através de rasgos de vidro e pelo painel de madeira ripado da fachada. A planta em “L” ajuda a distribuir o programa da morada. Em um dos lados fica distribuída a área íntima da casa com três dormitórios (um deles de hóspedes) e seus respectivos banheiros. No outro lado está localizada a área social (estar e jantar). A cozinha e a garagem fazem a conexão dos dois lados da residência. A área edificada da casa acaba conformando um jardim “interno”. O deck de madeira faz a continuação do estar em direção ao pátio e à piscina. O fechamento de madeira da fachada é o próprio elemento de proteção e segurança da casa.
Arquitetura: Camila Thiesen (CAU A72223-5), Lucas Valli.
Local: São Gabriel, RS
Fase: Anteprojeto
Ano projeto: 2012
* 1º lugar
Concurso Público Nacional de Arquitetura para Revitalização da Praça Feira-Mar de Antonina, Paraná
ENTRE A CIDADE E O MAR
Projetar a partir de um cenário único como o de Antonina é uma oportunidade de propor estratégias capazes de potencializar o existente e, ao mesmo tempo, preservar a memória do passado. Unir a paisagem natural com o patrimônio construído, o histórico com o novo, o turístico com o local.
O potencial da cidade de Antonina - devido à proximidade com Curitiba, que a coloca na rota turística em direção ao litoral paranaense – é somado ao rico patrimônio histórico e cultural, ao artesanato da cultura caiçara, à forte gastronomia tradicional e ainda à emblemática paisagem natural de sua implantação à margem da baía e circundada pela cadeia de montanhas da Serra do Mar. Atualmente é necessário contar a história Antonina, resgatar sua autoestima e incrementar a economia local.
A praça “Feira-Mar” apresenta uma condição específica de conexão entre o patrimônio natural e o construído. A trajetória desse local está diretamente relacionada com as atividades portuárias e comerciais. Assim, é fácil entender a importância da área do mercado que está gravada na memória da comunidade como uma zona de trocas, um local importante para a cidade que merece revitalização. O edifício do mercado atual não possui valor histórico ou qualidade arquitetônica. Ele se configura como um volume encerrado e monolítico com pouca relação com a praça e seu entorno. A área limitada do edifício acarretou na criação de anexos que desconfiguraram ainda mais o mercado. É ponto fundamental do projeto a inversão da atual condição do mercado: demolindo o edifício existente e propondo a criação de um sistema diluído pela cidade. A estratégia principal é criar um mercado aberto que se aproprie das edificações existentes do entorno e se dissolva por toda a extensão da praça “Feira-Mar”.
A descentralização do mercado de um único edifício e o desmembramento do programa em módulos comerciais distribuídos pela praça, pelos casarios e pelas ruínas circundantes propõe a ativação do centro histórico reforçando a proposta original da praça “Feira-Mar”. O conceito de módulos comerciais busca manter a essência do pequeno comércio e ao mesmo tempo garantir maior permeabilidade e integração aos programas distribuindo o programa de mercado. Este sistema é flexível e pode crescer ou diminuir conforme a necessidade dos comerciantes.
Renovar as atividades nas imediações da área de projeto é sugerido como uma forma de estender a conexão da praça com a própria cidade. As intervenções propostas assumem um caráter de preenchimento, ocupação e recuperação dos lotes e imóveis subutilizados. Os novos volumes preservam o traçado urbano original respeitando o alinhamento e gabarito das construções vizinhas. Nota-se que esta proposta prevê a manutenção das ruínas como testemunhas do passado, possibilitando ler, reconhecer e contar a história de Antonina.
Sugere-se a ocupação dos lotes e edificações com equipamentos de uso público como biblioteca, centro cultural, museu, entre outros, de acordo com a proposta de intervenção, se adequando a escala das preexistências. Estes programas visam incentivar o turismo e fomentar a cultura do município ajudando a contar sua historia. Restaurantes, lojas e bares também compõem o programa proposto tanto para os novos edifícios como para o conjunto de casarios existentes e contribuem para a ativação tanto diurna quanto noturna dos equipamentos e do entorno.
Esta estratégia visa ampliar a intervenção tendo a praça “Feira-Mar” como a primeira etapa para a revitalização da antiga área portuária de Antonina. Assim considera-se a criação de um plano para o setor que incentive a restruturação dos edifícios patrimoniais em conjunto com o desenho do espaço público garantindo que o projeto cresça progressivamente e que agregue ainda mais qualidade ao ambiente urbano. Neste sentido, é sugerida a criação de diretrizes e incentivos ficais que estimulem o investimento nos edifícios históricos e lotes desocupados, viabilizando restauros e intervenções.
As soluções adotadas para o projeto de revitalização da praça “Feira-Mar” foram pensadas com o maior poder de síntese no que diz respeito à integração paisagem-cidade-usuário. A intervenção arquitetônica proposta é sutil e não compete com o valor patrimonial dos edifícios existentes. Os novos elementos são sobrepostos ao existente como peças metálicas leves e neutras que complementam a ambiência histórica da cidade.
Foram estabelecidos pontos de conexão entre a intervenção e a cidade que geram integração à escala e à rotina existentes como o trapiche, a Igreja Nossa Senhora do Pilar, a ruína do Armazém Macedo e o Mercado do Peixe.
A NOVA “FEIRA-MAR”
A proposta para a nova “Feira-Mar” configura uma esplanada que interliga diferentes programas. Um eixo central encaminha o visitante a percorrer toda a extensão da praça e direciona o percurso até as ruínas do Armazém Macedo, à escadaria de acesso ao belvedere e à Igreja Nossa Senhora do Pilar. O percurso histórico proposto percorre os edifícios tombados e exemplares relevantes, estimulando o visitante a caminhar pela cidade e vivenciar as diferentes visuais para a baía de Antonina.
Ao nordeste um espaço multiuso é demarcado por uma cobertura leve e translúcida capaz de abrigar diversas atividades como área de exposições temporárias, feira do livro, cinema ao ar livre além da venda de produtos locais, artesanato e produtos gastronômicos - anteriormente concentrada no edifício do mercado. O uso comercial ocorre, assim, tanto nos módulos como também em eventos temporários como feiras e bazares. A configuração de um local sombreado e amplo gera um espaço flexível que proporciona múltiplas apropriações além de oportunizar um local de encontro e contemplação da paisagem.
A interligação da área coberta com a faixa central da praça configura uma grande área livre e dinâmica que poderá receber shows, manifestações artísticas e feiras. Assim, a praça também foi pensada para atender e ampliar os eventos tradicionais da cidade como o Carnaval, o Festival de Inverno, as festas religiosas como a Festa da Padroeira Nossa Senhora do Pilar e eventos esportivos.
A configuração da praça se dá através da setorização em três faixas: comércio, eventos e atividades. O tratamento do piso delimita a área da praça e evidencia as faixas longitudinais setorizando as áreas verdes arborizadas e o espaço livre central que conecta toda a intervenção. As faixas transversais de vinte em vinte metros – marcadas pelas luminárias - compõem uma malha ordenadora que atribui escala e ritmo ao conjunto demarcando a área de intervenção.
Na faixa de atividades são delimitadas zonas com diversas possibilidades de uso: áreas de estar, sombra, contemplação e lazer com equipamentos de ginástica e jogos infantis. Junto à orla, a balaustrada preexistente configura um percurso para caminhadas que circunda os demais programas.
O desenho proposto busca qualificar a praça como equipamento de lazer para a comunidade com amplo potencial turístico privilegiando e liberando as visuais para a cidade e para o mar. O tratamento do espaço público circundante à praça é unificado considerando a utilização do pavimento em pedra tradicional como elemento de identidade e integração ao existente. Neste sentido a proposta considera o alargamento das calçadas e o nivelamento entre via e passeio público em todo o perímetro da praça, tendo como objetivo integrar os fluxos de pedestre, bicicleta e carros privilegiando a travessia peatonal e reduzindo a velocidade dos veículos.
Classificação: 1º lugar
Ano concurso: 2016
Localização: Antonina/PR
Autores: Camila Thiesen, Bernardo de Magalhães, Cássio Sauer, Diogo Valls, Elisa Martins
Colaboradores: Jefferson Scapineli e Lucas Schneider Zimmer
*3º lugar
Concurso Público Nacional de Arquitetura e Projetos Complementares para a Ampliação e Expansão da Sede do Sindicato dos Engenheiros no Rio Grande do Sul – SENGE‐RS, em Porto Alegre, RS.
UM ENSAIO SOBRE MEDIANEIRAS
“É o segundo homem que determina se a criação do primeiro será levada adiante ou destruída” (BACON, Edmund. 1967)
DO VAZIO
Partindo do pressuposto de que a cidade é o resultado direto da sobreposição espaço-temporal de edificações, toda intervenção arquitetônica deve buscar uma relação de respeito e atenção a toda pré-existência. É essa a relação que propomos. O terreno disponível para a expansão da Sede do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul se apresenta como um vazio entre muros, um hiato entre edificações que prejudica a continuidade das ruas onde se insere.
Se, na Av. Érico Veríssimo, o vazio possui apenas 2 pavimentos - entre a base do SENGE e o pavilhão lindeiro -, na R. Visconde do Herval o intervalo assume proporção considerável, com empenas cegas de aproximadamente vinte metros em cada uma de suas faces; um cânion entre duas edificações. O trabalho do arquiteto, na dupla condição de usuário e projetista, reside, portanto, na identificação, interpretação e proposição de oportunidades como a apresentada neste trabalho.
DA INTERVENÇÃO
São realizadas três operações para conceber a edificação:
A. Preenchimento: Os hiatos nas duas fachadas do terreno apontam para a necessidade de completamento de silhuetas, tomando as edificações vizinhas como gabarito volumétrico.
B. Definição de Limites: Por se tratar de um anexo a edificação já existente, torna-se necessária a diferenciação entre as duas divisas. Junto as edificações vizinhas são locados programas fixos, como circulações e instalações, enquanto a divisa com a Sede atual do SENGE é mantida de modo a permitir a eventual ligação entre os blocos.
C. Conexão: Ao locar todo programa fixo na divisa com os lotes lindeiros, oportuniza-se a conexão franca com a pré-existência. Para garantir a existência de uma verdadeira galeria, eleva-se o programa sobre pilotis, gerando uma nova oportunidade de percurso que se apresenta na forma de uma praça pública e coberta, catalisando a troca e potencializando o encontro.
Ano concurso: 2014
Arquitetura: Camila Thiesen, Ana Cristina Castagna, Anna Carolina Manfroi, Diogo Erdman Valls, Gabriel Lima Giambastiani, Jaqueline Ayres Lessa, Maite Vazquez, Mário Guidoux Gonzaga, Martin Pronczuk, Santiago Saettone
Colaboradores: Anderson Dall'Alba, Mathias Pereira Sant'Anna, Marcelo Donadussi
Consultores: Multi Projetos, OSPA Arquitetura e Urbanismo, STM Engenheiros Associados
* 1º lugar
Concurso Público Nacional de Arquitetura para Requalificação Urbanística do Centro Histórico de São José, Santa Catarina
O projeto contempla a reurbanização do trecho norte - sul do eixo viário principal do município de São José, entre duas importantes igrejas históricas, e da zona central da cidade onde estão localizados os principais espaços públicos e edifícios históricos com a Igreja Matriz, Theatro Municipal, além do Parque do Beco da Carioca. A proposta se baseia em um plano macro de intervenções a longo prazo que considera reformulações no Plano Diretor e adequação às diretrizes do Estatuto da Cidade. O projeto considera a diminuição progressiva do fluxo de carros, ônibus e caminhões no núcleo histórico considerando o aumento da permeabilidade da malha viária através da construção de novas conexões; e a maior utilização da BR-101 pelos moradores locais, decorrente do desvio de trânsito decorrente da execução de alça de contorno da rodovia.
Considerando a diversidade do tecido urbano, foram contempladas camadas de intervenção: edifícios históricos, igrejas, praças, orla marítima, percurso peatonal, circulação de veículos, circulação de bicicletas, conexões viárias, equipamentos públicos, equipamentos culturais, iluminação, vegetação e áreas verdes. A combinação e sobreposição destas camadas potencializa a dinâmica urbana uma vez que suas relações traduzem a complexidade do espaço público. A recentralização do centro é proposta principalmente pela valorização do patrimônio histórico e cultural edificado e da paisagem natural configurando-os como principais atratores para o turismo na cidade. O principal foco do projeto é reaver a relação da cidade com a água que foi diminuindo gradativamente devido à substituição do transporte marítimo pelo rodoviário decorrente da construção da Ponte Hercílio Luz e a construção de edifícios públicos e residenciais junto à orla. A ligação do núcleo histórico com o mar é enfatizada por uma passarela projetada como continuidade do circuito de caminhadas e ciclovia existente na Av. Beira Mar que proporciona um novo acesso ao centro.
Ano concurso: 2013
Classificação: 1º lugar
Arquitetura: Camila Thiesen, Cássio Sauer, Diogo Valls, Elisa Martins, Jaqueline Lessa
Colaboradores: Ignacio de la Vega, Lucas Weinmann, Lucas Zimmer
* 1º lugar
Concurso Público Nacional de Projetos de Arquitetura para Requalificação Urbana de Baixios de Viadutos em Belo Horizonte - Viaduto Pedro Aguinaldo Fulgêncio
Áreas residuais, como os baixios, têm grande potencial de revitalização por serem localizadas em áreas centrais conectadas pelo transporte público. O viaduto Pedro Aguinaldo Fulgêncio faz a ligação entre dois bairros de Belo Horizonte, sendo um deles dotado de grandes equipamentos de saúde. Na sua parte inferior, a barreira configurada pela Avenida dos Andradas e pela linha do trem define duas grandes áreas de baixios, ambas degradadas. A estratégia de revitalização é fundamentalmente facilitar a conexão através da transposição da avenida por uma passarela para ciclistas e pedestres e propor novos programas que ajudem a requalificar os espaços residuais, atraindo pessoas para circular e permanecer no espaço público a fim de tornar a região mais segura, criando espaços de convivência, cultura, comércio e lazer. Esta apropriação do espaço público busca incentivar a requalificação do entorno próximo com a retirada ou substituição dos muros dos lotes vizinhos por fechamentos permeáveis que possibilitem uma maior permeabilidade visual e segurança.
Ano concurso: 2014
Classificação: 1º lugar
Arquitetura: Camila Thiesen, Cássio Sauer, Elisa Martins
Colaborador: Ignacio de la Vega
* 1º lugar
Concurso Público Nacional de Arquitetura - Projeto de Arquitetura de Adaptação do Edifício da Biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo - USP
A estratégia de intervenção no edifício consiste em preservar a estrutura e infraestrutura existentes que, renovadas, buscam atender à demanda de funcionamento e espacialidade requeridas pela mudança de uso e pela importância do programa. Seguindo a distribuição do programa e do acervo de cada departamento do Direito, trabalhou-se a disposição vertical dos diferentes setores da Biblioteca a fim de proporcionar espaços de encontro entre as áreas de consulta e leitura. Esta relação entre acervo e usuário foi privilegiada pela apropriação do vazio central como elemento articulador entre os setores em cada pavimento e como elemento de conexão espacial e qualificação dos espaços. Procurou-se manter a relação entre acervo e usuário em todos os pavimentos, facilitando o acesso à informação e favorecendo a funcionalidade da Biblioteca.
Para atender aos diferentes perfis de usuários foram dispostos os mais variados ambientes de leitura: espaços individuais e para trabalhos em grupo, salas exclusivas e espaços informais (áreas de estar, escada-arquibancada e espaços abertos ligados aos cafés no terraço e no térreo).
Nos pavimentos de acervo e leitura, o corpo da biblioteca, foi prevista a abertura de lajes junto à fachada nas áreas de leitura. Os vazios gerados garantem a amplitude espacial, a conectividade visual e a melhor iluminação dos pavimentos.
“A Comissão julgadora considera que esta proposta resolve com excelência os principais desafios colocados pelo Concurso. Apresenta excelente desenho do térreo, associado ao subsolo e bem integrado ao espaço público, propõe uma alocação eficiente para as atividades de reunião de público.
A distribuição do programa é correta e flexível, permitindo diversidade de usos futuros; demonstra especial atenção aos espaços de leitura com dedicação ao conforto dos usuários – a relação do acervo com a leitura é franca e atraente para os usuários; distribuição de vazios que orientam e criam identidade e diversidade dos lugares – com diferentes momentos.”
ATA FINAL DE JULGAMENTO. 1º PRÊMIO - PROJETO nº 88. Concurso Público Nacional de Arquitetura - Projeto de Arquitetura de Adaptação do Edifício da Biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, USP
Ano concurso: 2013
Classificação: 1º lugar
Arquitetura: Camila Thiesen, Angélica Rigo, Cássio Sauer, Diogo Valls, Elisa Martins, Jaqueline Lessa, Lucas Valli